Dia 22 de fevereiro, domingo que vem, vai acontecer a entrega do Oscar ou o Academy Awards (Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood), que é o principal prêmio do cinema mundial. Mas algo está diferente, óbvio que desde a década de 30 alguma coisa iria mudar, mas mesmo os mais conservadores perceberam que houve uma mudança em algo muito importante que é a escolha dos filmes que levam o careca dourado pra casa!
O que eu to querendo dizer é que o Oscar que nos últimos anos previlegiava as super produções - os chamados "filmes de Oscar" - passou a dar um olhar mais especial aos filmes mais autorais, porquê os cinco diretores indicados ao prêmio tem os seus filmes também indicados a melhor filme o que é uma combinação rara de acontecer. É a autoria do filme que está ganhando peso nos dias de hoje e fazendo jus a cerimônia de domingo.
A surpresa disso é que na década de 30 as premiações davam importancia a coletividade, a visão do trabalho dos produtores, roteiristas, atores e diretores, daí obtendo o resultado final que qualificava o filme. A própria divisão em categorias privilegiava esse caráter de arte coletiva, e os premiados dos primeiros 30 anos de Oscar refletiam esse pensamento. É a era de E o Vento Levou... (1939), que ganhou oito Oscar das 13 indicações a que concorreu, e do épico bíblico Ben-Hur (1959), que faturou 11 vitórias em 12 indicações. Essa situação só foi mudar por volta dos anos 60, trinta anos depois.
A academia soube mostrar que finalmente estava reconhecendo os filmes autorais premiando Francis Ford Coppola, um dos diretores mais autorais do cinema americano no século passado duas vezes: O Poderoso Chefão (1973) e O Poderoso Chefão 2 (1975). Até Woody Allen se beneficiou da onda, levando seu único Oscar de melhor filme, em 1978, por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa — desprezando o prêmio, o mais alternativo dos cineastas dos anos 70 preferiu ficar tocando clarinete num bar em Nova York a ir a Hollywood receber a estatueta. Outro cineasta autoral famoso é Steven Spielberg, que demorou ser reconhecido e que firmou como autor de originalidade exuberante em duas obras-primas do cinema, Tubarão (1975) e E. T. — O Extraterrestre (1982), mas que só veio ganhar sua primeira estatueta em 93 com A Lista de Schindler e entre outros mais que podem facilmente entrar nessa lista mas que tomaria quase todo espaço desse blog.
Mas não podemos reclamar, a academia esta sabendo dosar entre os filmes autorais e o de matriz coletiva, como foi o caso de Titanic (1998), que levou 11 das 14 indicações, incluindo o de melhor filme e teve Onde os Fracos não Têm Vez (2008) dos irmãos Joel e Ethan Coen os cineastas mais autorais da atualidade. Nessa alternância entre autoral e coletivo, O Curioso Caso de Benjamin Button é, com o perdão do trocadilho, um caso curioso. É inegável que David Fincher é um autor, mas, pelo orçamento e pelas características, esse é o filme mais "de Oscar" que ele já fez. Entre outras razões, pelo fato de que o roteirista Eric Roth, também indicado, é o mesmo de Forrest Gump, premiado como melhor filme em 1995. Em O Curioso Caso de Benjamin Button, Roth repetiu várias fórmulas que haviam encantado a Academia em 1995, criando diálogos parecidos para as cenas de amor entre casais de gerações diferentes, por exemplo. Fica difícil afirmar, assim, que as 13 indicações de O Curioso Caso de Benjamin Button seriam um reconhecimento à criatividade de David Fincher. O que se pode dizer com certeza é que, numa política que alterna filme "de Oscar" e cinema autoral, Benjamin Button se beneficiou do fato de ser, de certa forma, as duas coisas ao mesmo tempo. Vamos ver se esse favorito leva o careca pra casa, mas pra mim ele leva sim, pela obra bem feita e mesmo que seja um conto que nos leva para a sensação que Brad Pitt sentiu ao envelhecer 80 anos ao contrario, a direita esta os vídeos com o trailler, fica a dica, ele merece ser visto.
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